quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O PODER DA EDIÇÃO


 

O que falar do melhor filme de 2007 e do melhor diretor (vivo) do mundo?
Muitas coisas, mas que não caberiam em um simples post, mal cabem em um livro.
O filme não ganhou apenas 4 Oscars, mas também os principais prêmios dos principais festivais do mundo, incluindo prêmios pela sua edição. Assim como em todos os filmes de Scorsese, a maneira como o filme foi montado mostra, mais uma vez, o que, desde Ruas Sangrentas, é sua assinatura.


Essa moça simpática ao lado se chama Thelma Schoonmaker. Para a maioria, até este momento, uma senhora com cara de "boa vovó", para o diretor Martin Scorsese, a alma de seus filmes. Ela, senhoras e senhores, edita os filmes de Martin desde seu primeiro trabalho chamado Who's That Knocking on My Door, de 1967 e, depois disso, Woodstock, Touro Indomável, Cassino, Bons Companheiros, Ilha do Medo, e assim por diante...

Ela, desde o início, percebeu que para contar uma história, para mostrar uma cena, você não precisa ver tudo. Parece trivial dizer isto, mas muitos profissionais do ramo, em apenas prolongar demais uma determinada cena, mudam o filme e a sua opinião sobre ele. Thelma acredita que uma tomada fala mais que mil palavras, e por mais repetido que dizemos a frase, parecemos não lembrar dela, no final das contas. Schoonmaker é vencedora de diversos prêmios de edição, incluindo o Oscar de 2007, pelo seu magnífico trabalho em Os Infiltrados.

Se você está pensando nesse momento "é, eu já ví este filme e é extraordinário" então pare, e o assista mais uma vez. Preste bem atenção no que não é mostrado ou dito, mas absolutamente compreendido. Observe outro detalhe, neste caso, de responsabilidade do diretor: existem diversas mudanças de eixo. Há aqueles que, até hoje, dizem "isso não se faz". Amigos, cinema e televisão não têm regras, a regra é a compreensão, e eu não estou chutando isso. Falo porque tive grande professores, não apenas no curso que fiz e nas minhas pesquisas e estudos, mas professores como Stanley Kubrick, Brian DePalma, Fellini e outros monstros do cinema. O que existe é você saber onde as coisas estão acontecendo e, SE necessário, poder jogar com a camera não importando sua localizaçnao, pois seu senso de espaço já foi estabelecido. Básico? Não para a grande maioria que vem de escolas que ensinam regras, que ensinam o "tradicionalismo", se me permitem.

Não podemos, é verdade, tornar a não existência de determinadas regras, como regra. É claro que temos que seguir a lógica, senão, a partir do momento que a parte técnica cresce perante a cena, significa perdemos alguma coisa pelo caminho. Cinema (e TV) é como um bolo delicioso da melhor confeitaria do seu bairro. A gente não precisa sentir as camadas mas o sabor como um todo. E este "bolo" não seria bom sem a química de Scorsese e Schoonmaker. A edição pode salvar, mas ela também arruina e, gente, a linha é tênue.


Por enquanto é isso. Reveja o filme, ou melhor, OS filmes de Scorsese. Não são apenas "demais", "sensacionais", "ótimos"... Eles são seus melhores professores. Podemos aprender muito com esses "dinossauros". Não tenha medo de arriscar, não subestime o espectador, ele quer ser provocado, testado, incomodado. Fazer os milhões que assistem reagir com seu trabalho, seja qual for a reação, garante o seu bis. Se não foi tão bom, ele volta pra ver se melhorou. Se foi bom, ele vai querer mais.
OUSE!

TRAILER LEGENDADO OS INFILTRADOS - Clique e veja.


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