quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

AND THE OSCAR GOES TO...

Chegou a hora do prêmio mais badalado do cinema americano, o Oscar, entregue pela Academia de Artes e Ciências Cenográficas, fundada em 1927.

Costuma-se dizer que o Golden Globe Awards é o termômetro do Oscar. Na teoria, quem vence o Golden Globes é o preferido no Oscar. Mas a Academia costuma surpreender em suas escolhas.
Na minha opinião, uma das maiores surpresas foi quando em 1999, Steven Spielberg levou (com razão) o prêmio de melhor diretor mas seu filme, o Resgate do Soldado Ryan, perdeu para Shakespeare Apaixonado.
Então, vamos dar uma olhada na lista





 O vencedor de melhor filme no Golden Globe foi Os Descendentes que também deu a George Clooney o prêmio de Melhor Ator. O filme é realmente bom, diferente, um drama com toques de humor e realidade. Neste caso, o filme e o ator completam-se, sem destaque nem para um nem para o outro. É o mais cotado para levar pra casa o Oscar de Melhor Filme e Ator. Realmente vale a pena assisti-lo!






No Caso de O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball) temos um filme que é bom, não muito bom, apenas bom, porém com uma atuação nível "A" de Brad Pitt (indicado a Melhor Ator) e ótima atuação de Jonah Hill (indicado a Melhor Ator Coadjuvante), Neste caso, são os atores que fazem com que o filme se destaque. Jonah Hill tem grandes chances mas acredit que, de todos, Nick Nolte foi o melhor, em seu filme O Guerreiro.






O Artista é o tipo de filme que agrada a Academia. Em tempos de efeitos especiais e muito diálogo aparece um filme mudo e em preto e branco vindo da França. O filme surpreendeu a todos e foi um dos grandes vencedores do Globo de Ouro, incluindo melhor filme comédia/musical, e pode surpreender no Oscar.







A Árvore da Vida traz, novamente, Brad Pitt com uma atuação impecável, na minha opinião melhor que em O Homem Que Mudou o Jogo. O filme é dirigido por Terrence Malick, diretor de Além da Linha Vermelha que recebeu 7 indicações ao Oscar em 1999.






Minha torcida vai para Hugo, de Martin Scorsese, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Diretor. Acredito que se houver alguma surpresa pode ser com este, pois seria o primeiro trabalho em 3D a levar a estatueta de Melhor Filme e não teríamos nenhuma surpresa se Scorsese levar a de Melhor Diretor.






 Cavalo de Guerra tem a fórmula Hollywood de fazer filme, não é por menos, afinal, é dirigido por Steven Spielberg. Filmar com animais nunca foi fácil e a maneira como os cavalos "atuam" no filme é impressionante. A fotografia do filme é linda, lembram os filmes de John Ford, nesta categoria acredito que seja um forte concorrente. Apesar da "fórmula" (que funciona), vale a pena conferir.






Woody Allen volta a ser nominado a Melhor Diretor depois de 18 anos sem dar as caras nesta categoria. Seu filme, Meia Noite em Paris concorre a Melhor Filme, mas não deve ganhar a estatueta apesar de ser um filme muito bom e gostoso de assistir.






  No caso de Histórias Cruzadas (The Help), e Tão Longe Tão Perto, acredito que tiveram filmes melhores que poderiam estar disputando esta categoria. A atuação salva Histórias Cruzadas assim como seu enredo involvente, em termos de direção não ví novidades... Mas Tão Longe e Tão Perto, em minha opinião devia ter dado lugar à O Espião Que Sabia Demais, 50%, Drive e Tudo Pelo Poder, para citar alguns. Ruim não é, mas definitivamente tem melhores. Acredito que não leve nenhum prêmio.



A grande festa acontece no dia 26 de fevereiro e terá transmissão ao vivo na TNT. Façam suas apostas!

Veja o que James Cameron e Martin Scorsese falam sobre Hugo, clicando no link abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=5BhDCgTExN8HUGO CABRET

Veja abaixo a lista completa do indicados:

Melhor ator
Demián Bichir - "A better life"
George Clooney - "Os descendentes"
Jean Dujardin - "O artista"
Gary Oldman - "O espião que sabia demais"
Brad Pitt - "O homem que mudou o jogo"


Ator coadjuvante
Kenneth Branagh - "Sete dias com Marilyn" (trailer ao lado)
Jonah Hill - "O homem que mudou o jogo"
Nick Nolte - "Warrior"
Max Von Sydow - "Tão forte e tão perto"
Christopher Plummer - "Beginners"

Melhor animação
"A Cat in Paris"
"Chico & Rita"
"Kung Fu Panda 2"
"Gato de Botas"
"Rango"

Melhor atriz
Glenn Close - "Albert Nobbs"
Viola Davis - "Histórias cruzadas"
Rooney Mara - "Os homens que não amavam as mulheres"
Meryl Streep - "A dama de ferro"
Michelle Williams -"Sete dias com Marilyn

Melhor atriz coadjuvante
Octavia Spencer - "Histórias cruzadas"
Bérénice Bejo - "O artista"
Jessica Chastain - "Histórias cruzadas"
Janet McTeer - "Albert Nobbs"
Melissa McCarthy - "Missão madrinha de casamento"

Melhor roteiro original
"O artista"
"Missão madrinha de casamento"
"Margin Call"
"Meia-noite em Paris"
"A separação"

Trilha sonora original
"As aventura de Tintim" - John Williams
"O Artista" - Ludovic Bource
"A invenção de Hugo Cabret" - Howard Shore
"O espião que sabia demais" - Alberto Iglesias
"Cavalo de guerra" - John Williams

Canção original
"Man or Muppet", de "Os Muppets", música e letra de Bret McKenzie
"Real in Rio", de "Rio", música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, letra de Siedah Garrett

Maquiagem
"Albert Nobbs"
"Harry Potter"
"A dama de ferro"

Direção de arte

"O artista"
"Harry Potter"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Meia-noite em Paris
"Cavalo de guerra"

Fotografia
"O artista"
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"A árvore da vida"
"Cavalo de guerra"

Figurino
"Anonymous"
"O artista"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Jane Eyre"
"W.E."

Diretor
Michel Hazanavicius - "O artista"
Alexander Payne - "Os descendentes"
Martin Scorsese - "A invenção de Hugo Cabret"
Woody Allen - "Meia-noite em Paris"
Terrence Malick - "A árvore da vida"

Documentário (longa-metragem)
"Hell and Back Again"
"If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front"
"Paradise Lost 3: Purgatory"
"Pina"
"Undefeated"

Documentário (curta-metragem)
"The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement"
"God Is the Bigger Elvis"
"Incident in New Baghdad"
"Saving Face"
"The Tsunami and the Cherry Blossom"

Edição
"O artista"
"Os descendentes"
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"O homem que mudou o jogo"

Melhor filme em língua estrangeira
"Bullhead" - Bélgica
"Footnote" - Israel
"In Darkness" - Polônia
"Monsieur Lazhar" - Canadá
"Separação" - Irã

Curta-metragem de animação
"Dimanche"
"The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore"
"La Luna"
"A Morning Stroll"
"Wild Life"

Curta-metragem
"Pentecost"
"Raju"
"The Shore"
"Time Freak"
"Tuba Atlantic"

Edição de som
"Drive"
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Transformers: o lado oculto da lua"
"Cavalo de guerra"

Mixagem de som
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"O homem que mudou o jogo"
"Transformers: o lado oculto da lua"
"Cavalo de guerra"

Efeitos visuais
"Harry Potter"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Gigantes de aço"
"Planeta do macacos"
"Transformers: o lado oculto da lua"

Roteiro adaptado
"Os descendentes"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Tudo pelo poder"
"O homem que mudou o jogo"
"O espião que sabia demais"

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

MONSTRO HITCHCOCK


 Vamos falar de Festim Diabólico, que na verdade se chama ROPE (corda). Este foi o primeiro filme colorido dirigido pelo maior diretor de filmes de suspense de todos os tempos, Alfred Hitchcock.


Nada que eu falar aqui, caso você não tenha visto o filme (o que, neste meio, é um, pecado) vai estragar qualquer surpresa, pois neste caso o diretor "brinca" com a tensão da platéia e o suspense das personagens. Você sabe de tudo desde o início, menos os atores. 
Mas então o que tem de mais nesse filme?
Eu te conto.



ROPE foi filmado como plano sequencia, ou seja, ele registra uma acão do início ao fim SEM CORTES. Neste filme, Hitchcock usa o plano sequencia para contar uma história de 80 minutos. Ele começa com um assassinato e não para mais. O filme todo se passa dentro de um apartamento mantendo a atenção do público até o segundo final.

Antes da falar mais do filme, eis a sinopse:
Dois jovens brilhantes, Brandon e Phillip, matam David um colega de escola, apenas para provar a si mesmos que podem cometer o crime perfeito. Para desafiar os amigos e a família, resolvem convidá-los para uma reunião no apartamento deles, e servem a comida em cima de um baú onde está escondido o corpo da vítima.


No universo do filme se passam 100 minutos, o que é realmente a sensação que temos. Na época, as cameras de cinema eram do tamanho de uma geladeira e os rolos de filme duravam cerca de 10/15 minutos. Então, Hitchcok tinha que cortar para que pudesse trocar o rolo. Na realidade o filme tem 8 cortes. Apenas 8 cortes. Cada vez que ocorre um, ele é disfarçado por algo que acontece na cena, como, por exemplo, um zoom em um casaco preto, em seguida, a pessoa sai da frente da camera e a cena milagrosamente continua, pois não sentimos o corte.

Foi um filme que deu muito trabalho aos atores, porque deviam ter o máximo e cuidado para não errarem as falas ou os movimentos. Tudo foi exaustivamente ensaiado nos mínimos detalhes para nada dar errado quando estivessem filmando. E foi o que aconteceu. Um relato conta que um dos assistentes de camera quebrou o pé durante as filmagens e foi, na hora, calado e levado as pressas pela equipe que ali estava para não interromper a ação.

No pano de fundo (o apartamento foi construído dentro de um estúdio), Hitchcock junto com a equipe de produção desenvolveu um sistema de iluminação no set que ia mudando conforme o tempo passava. O filme começa de dia e termina a noite. 
As filmagens levaram cerca de 40 dias e o filme foi lançado em 1948. É mais um excelente trabalho de um gênio que tem um grande currículo, incluindo Janela Indiscreta, O Homem Que Sabia Demais, Os Pássaros, Disque M Para Matar e, claro, Psicose (que merece um post inteiramente dedicado à ele, em breve)

Vale lembrar que isto é cinema na sua mais pura forma. Sem pós-produção de efeitos especiais e iluminação. Um filme que foi preciso criatividade para escrever e maestria para dirigir. É o tipo de filme gostoso de ver, àquele que você pega um pote de pipoca, um refri gelado e, ao dar play, é laçado pela história e pelas personagens que estão na tela.

O filme está disponível em DVD. Mais uma vez, se você é do meio da comunicação, cinema, música, não importa, é dever de casa assistir. Festim Diabólico é mais um marco do cinema. Hitchcok é mais um grande professor.



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A ESCADA BRASILEIRA

O cinema é uma bela metáfora da vida, ou melhor, de uma vida ilusóriamente melhor. A vida real é bem diferente.

Você já parou para pensar que o cara do seu lado, seu amigo ou colega de trabalho tem muito a lhe ensinar e muito a crescer? Aliás, pobre daquele que acha que sabe de tudo. Na vida aprendemos com tudo e todos diariamente.

Quando morei na Califórnia passei a pensar muito sobre isso, o comportamento que pude observar era, digamos, um comportamento "escada". Aquele que se encontra no degrau de cima puxa pra cima o amigo que está no degrau de baixo.
E se o amigo acaba o ultrapassando ele não vai esquecer de você e, assim, crescem todos.

A impressão que temos é que, no Brasil, se você está no degrau de cima provavelmente levará um puxão de quem está embaixo, seguido de um empurrão.
É, isso ocorre, e muito, mesmo que de maneira inconsciente. Aqui se julga muito, temos dificuldades em aceitar as personalidades das pessoas que nos cercam e com isso, sem perceber, nos tornamos arrogantes.

Mas o que isso tem haver com a metáfora do cinema?

Para fazer filmes nós precisamos da colaboração de todos, a máquina tem que estar perfeita. Quando dirigi meu último curta-metragem, junto com Dre Torres, escolhemos a dedo nossa equipe, inclusive pessoas que não eram, digamos, agradáveis, mas em relação a trabalho, excelentes profissionais.

Confiança, era a palavra chave.
O resultado, no final, era para ser comemorado e não lamentado. E com essa filosofia era o que acontecia. Toda escada tem dois rumos, os degraus sobem e descem, cabe a você escolher o seu caminho. Dê a mão ao próximo, finais felizes não existem apenas nos filmes.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O PODER DA EDIÇÃO


 

O que falar do melhor filme de 2007 e do melhor diretor (vivo) do mundo?
Muitas coisas, mas que não caberiam em um simples post, mal cabem em um livro.
O filme não ganhou apenas 4 Oscars, mas também os principais prêmios dos principais festivais do mundo, incluindo prêmios pela sua edição. Assim como em todos os filmes de Scorsese, a maneira como o filme foi montado mostra, mais uma vez, o que, desde Ruas Sangrentas, é sua assinatura.


Essa moça simpática ao lado se chama Thelma Schoonmaker. Para a maioria, até este momento, uma senhora com cara de "boa vovó", para o diretor Martin Scorsese, a alma de seus filmes. Ela, senhoras e senhores, edita os filmes de Martin desde seu primeiro trabalho chamado Who's That Knocking on My Door, de 1967 e, depois disso, Woodstock, Touro Indomável, Cassino, Bons Companheiros, Ilha do Medo, e assim por diante...

Ela, desde o início, percebeu que para contar uma história, para mostrar uma cena, você não precisa ver tudo. Parece trivial dizer isto, mas muitos profissionais do ramo, em apenas prolongar demais uma determinada cena, mudam o filme e a sua opinião sobre ele. Thelma acredita que uma tomada fala mais que mil palavras, e por mais repetido que dizemos a frase, parecemos não lembrar dela, no final das contas. Schoonmaker é vencedora de diversos prêmios de edição, incluindo o Oscar de 2007, pelo seu magnífico trabalho em Os Infiltrados.

Se você está pensando nesse momento "é, eu já ví este filme e é extraordinário" então pare, e o assista mais uma vez. Preste bem atenção no que não é mostrado ou dito, mas absolutamente compreendido. Observe outro detalhe, neste caso, de responsabilidade do diretor: existem diversas mudanças de eixo. Há aqueles que, até hoje, dizem "isso não se faz". Amigos, cinema e televisão não têm regras, a regra é a compreensão, e eu não estou chutando isso. Falo porque tive grande professores, não apenas no curso que fiz e nas minhas pesquisas e estudos, mas professores como Stanley Kubrick, Brian DePalma, Fellini e outros monstros do cinema. O que existe é você saber onde as coisas estão acontecendo e, SE necessário, poder jogar com a camera não importando sua localizaçnao, pois seu senso de espaço já foi estabelecido. Básico? Não para a grande maioria que vem de escolas que ensinam regras, que ensinam o "tradicionalismo", se me permitem.

Não podemos, é verdade, tornar a não existência de determinadas regras, como regra. É claro que temos que seguir a lógica, senão, a partir do momento que a parte técnica cresce perante a cena, significa perdemos alguma coisa pelo caminho. Cinema (e TV) é como um bolo delicioso da melhor confeitaria do seu bairro. A gente não precisa sentir as camadas mas o sabor como um todo. E este "bolo" não seria bom sem a química de Scorsese e Schoonmaker. A edição pode salvar, mas ela também arruina e, gente, a linha é tênue.


Por enquanto é isso. Reveja o filme, ou melhor, OS filmes de Scorsese. Não são apenas "demais", "sensacionais", "ótimos"... Eles são seus melhores professores. Podemos aprender muito com esses "dinossauros". Não tenha medo de arriscar, não subestime o espectador, ele quer ser provocado, testado, incomodado. Fazer os milhões que assistem reagir com seu trabalho, seja qual for a reação, garante o seu bis. Se não foi tão bom, ele volta pra ver se melhorou. Se foi bom, ele vai querer mais.
OUSE!

TRAILER LEGENDADO OS INFILTRADOS - Clique e veja.