O Oscar passou, e muito passou batido principlamente nas fontes brasileiras de comunicação. Muito foi falado sobre favoritismo mas, apesar de boas reportagens, não falaram nos porquês dos favoritismos. O ARTISTA foi realmente o grande vencedor mas, na minha opinião, injustamente.
Calma, o filme é ótimo, mas não é esta a questão.
O que não se fala é que o júri da Academia é composto por cerca de 5 mil pessoas com média de idade de 70 anos. Idade da época que dividia o cinema MUDO para o falado. A GRANDE MAIORIA das categorias que apareceram no Oscar são de filmes que se passam na década de 20 a década de 50. Isso faz com que, naturalmente, os votos se inclinem para determinados tipos de filme como ocorreu com O ARTISTA e ARVORE DA VIDA, além, é claro, HUGO e THE HELP.
Dos filmes HUGO foi o melhor de todos, e também homenageava os tempos áureos do cinema MAS com uma linhguagem moderna, edição arrojada e direção voraz de Martin Scorsese, além do toque 3D que, segundo James Cameron, foi o filme que melhor fez uso da tecnologia.
Então, quando falamos de favoritismo, temos que pensar que em 1929, quando surgiu O Cantor de Jazz (primeiro filme falado da história do cinema) boa parte dos críticos já eram nascidos e, como todo bom saudosita, desta época sentem saudades. Em uma era em que os efeitos especiais dominam, surge O ARTISTA para deleite dos jurados. Torno a dizer que é um grande filme, mas técnicamente falando, HUGO é mais completo pois tem a personalidade própria e não é uma simples "cópia". "Cópia" em relação a direção, pois para fazer um filme como O ARTISTA, além do empenho que não se discute, basta assitir filmes desta época e usar planos simples e cortes direcionados à ação, deixando de lado, assim, a personalidade que falei anteriormente e, logo, não merecendo o prêmio de melhor direção.
Em relação ao Melhor Ator... Merecido. OK. Mas George Clooney não fez um papel fácil e, pra quem assistiu OS DESCENDENTES sabe que o ator nos passou muito mais sentimento e "comunicação" através da expressão do que simplesmente pelo diálogo e, ao contrario do que aconteceu no Golden Globe Awards, não recebeu o premio. Jean Dujardin papou a estatueta pelos seu papel em O ARTISTA.
Um breve comentário sobre RIO não ter ganho melhor canção. O brasileiro torce e reclama quando não ganha mas esquece que existem regras técnicas para a categoria ALÉM do "feeling". Todas as músicas vencedoras entram/tocam em determinado filme como PARTE DA HISTÓRIA e não apenas como trilha. Bom, não preciso falar mais nada, não é?
O Oscar vem a cada ano decaindo, inclusive em sua audiência, e Hollywood ainda não achou a fórmula para reformular o espetáculo. Billy Crystal foi ótimo mas moderado, foi uma escolha segura, mas para um público que cada vez mais esquece do clássico HARRY E SALLY FEITOS UM PARA O OUTRO além de outros ótimos filmes que lançaram o ator.
Meryl Streep, nascida em 1949, mereceu, Christopher Plummer, nascido em 1929, também mereceu mas tiram um pouco do brilho dos outros candidatos, também merecedores do prêmio e mais jovens, com uma longa estrada pela frente.
Renovar é preciso. O prêmio mais glamoroso do cinema americano corre o risco de ficar como os seus jurados...velho e saudosita.
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VEJA A LISTA DOS GANHADORES
(www.ropeofsilicon.com/award_show/oscars/)
Esta foi a reportagem que foi usada como fonte de dados e inspiração.
New York Times
http://www.nytimes.com/2012/02/24/movies/awardsseason/the-carpetbagger-on-the-artist-and-the-oscars.html